Na região costeira mais movimentada do estado de São Paulo, dois municípios aguardam uma ligação seca que, há anos, vive entre expectativas e burocracia. O túnel submerso entre Santos e Guarujá passou para uma nova etapa com a formalização de um grupo de acompanhamento formado por integrantes de sete secretarias municipais. O decreto, publicado no início de abril, prevê a existência da comissão até o fim das obras, projetado para ocorrer em 2031.
Setores em sintonia constante
A equipe não foi escolhida ao acaso. Participam da comissão as pastas de Desenvolvimento Econômico e Portuário, Coordenação Governamental e Assuntos Estratégicos, Planejamento Estruturado, Meio Ambiente e Segurança Climática, Mobilidade Urbana, Infraestrutura e Obras e Advocacia-Geral do Município. Essa formação multidisciplinar busca garantir que o projeto seja observado sob diversas perspectivas.
Com a previsão de conclusão para daqui a seis anos, o planejamento inclui fiscalização técnica, avaliações ambientais, acompanhamento jurídico e estudos sobre circulação urbana. A iniciativa da prefeitura indica que cada aspecto da obra será submetido à observação permanente de setores especializados.
Diplomacia na engenharia civil
Enquanto o comitê atua localmente, no cenário legislativo estadual surgem propostas com alcance internacional. Deputados que lideram grupos ligados às ligações terrestres entre ilhas e ao setor portuário buscam autorização para realizar uma visita técnica à Europa.
Na mira da comitiva estão duas estruturas complexas: o túnel submerso de Fehmarn, em execução entre Alemanha e Dinamarca, com previsão de finalização em 2029, e a famosa conexão entre Dinamarca e Suécia, composta por ponte e túnel no Estreito de Öresund. O objetivo é observar soluções que possam inspirar decisões aplicáveis no Brasil.
Ações paralelas no mesmo tabuleiro
Em meio ao vaivém institucional sobre o túnel, a Prefeitura de Guarujá anunciará nos próximos dias a requalificação da pista do Aeroporto Civil Metropolitano, instalado na Base Aérea de Vicente de Carvalho. A obra será entregue simbolicamente no centésimo dia da atual gestão. Além disso, terá início a construção do novo terminal de passageiros.
Ao alinhar mobilidade urbana e conexões intermunicipais, as autoridades locais querem ampliar os núcleos operacionais que envolvem transporte, turismo e cargas. A ideia é harmonizar investimentos que vão desde o subsolo até as pistas de pouso e decolagem, encurtando distâncias entre modais.
Com o grupo técnico instituído, todos os procedimentos serão documentados e analisados, promovendo uma atuação conjunta entre gestão pública e setores reguladores. Além disso, relatórios serão encaminhados para atualizações de planejamento e adequações conforme as fases da obra evoluam.
Referências internacionais em debate
A missão oficial à Europa quer compreender como outras nações enfrentaram problemas semelhantes. A visita ao trecho entre Fehmarn e Lolland incluirá dados sobre escavação, impermeabilização, proteção ambiental e logística de execução em áreas costeiras.
Apesar das diferenças geográficas, os exemplos poderão embasar o cronograma local. Há interesses em compreender questões técnicas e também financeiras, como formas de contratação, parcerias e mecanismos de monitoramento.
A visita à Europa está prevista para maio, enquanto o cronograma das obras segue em fase de organização interna. O que se observa é uma movimentação paralela entre a esfera municipal e a legislativa, sugerindo uma sincronia tácita entre interesses locais e globais.
Cenário que exige atenção constante
Com o fluxo portuário entre os maiores da América do Sul, a ligação terrestre entre Santos e Guarujá desperta debates em torno de engenharia, regulação e urbanismo. Mais do que uma construção, é um teste para a articulação de poderes públicos e privados.
FAQ
1 – Como funciona a comissão de acompanhamento do túnel? Reúne sete secretarias municipais com funções distintas. Cada uma participa de modo integrado, oferecendo subsídios para o desenvolvimento seguro da obra.
2 – Por que a Europa entrou no roteiro do projeto? Os parlamentares querem observar estruturas equivalentes em andamento ou concluídas para trazer exemplos práticos que possam ser avaliados no contexto brasileiro.
3 – Quais estruturas serão visitadas? O túnel entre Fehmarn e Lolland e a ligação entre Dinamarca e Suécia que combina túnel e ponte no Estreito de Öresund.
