A Bahia Mineração (Bamin) suspendeu temporariamente as obras do primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e do Porto Sul, localizados na Bahia. A decisão foi atribuída à necessidade de reorganização do modelo de capital, especialmente pela ausência de um parceiro privado com condições de absorver os volumes financeiros necessários à conclusão do empreendimento.
A mineradora informa ter destinado investimentos superiores a R$ 800 milhões no trecho inicial da ferrovia, com R$ 600 milhões direcionados à estrutura portuária. Apesar da paralisação, a Bamin assegura a manutenção das atividades ambientais e operacionais mínimas, reforçando o compromisso em buscar uma composição viável para retomada das obras.
O contrato com a construtora Prumo Engenharia foi encerrado no fim de março, após um período de desaceleração. A empresa afirmou que a decisão foi tomada em consonância com o ritmo atual do projeto e a necessidade de uma reavaliação criteriosa da estrutura de investimentos.
Busca por novos arranjos financeiros
O suporte técnico e financeiro do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é uma peça relevante na articulação da mineradora em identificar e atrair investidores interessados em participar do projeto. A inclusão de um novo parceiro estrangeiro ou nacional é vista como fator determinante para que a empreitada avance.
A Bamin confirma que negociações com estatais chinesas estão em curso, especialmente pela ambição da China em consolidar um corredor bioceânico interligando o Atlântico ao Pacífico. Essa movimentação inclui, inclusive, diálogos sobre adaptações necessárias junto à ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, considerando o processo de revisão contratual exigido para a entrada de novos operadores no ativo.
Infraestrutura sob demanda ajustada
Com 537 km de extensão previstos no primeiro trecho da Fiol, a Bamin calcula que 64% das obras já foram executadas. A mineradora reafirma que a retomada da construção dependerá da formalização do novo parceiro e da reestruturação financeira integral do projeto.
A projeção interna da companhia estima um intervalo de 30 meses para a finalização do trecho ferroviário que liga Caetité a Ilhéus, uma vez superada a etapa de captação de capital. Já o Porto Sul, situado em Ilhéus, demanda um período estimado de 48 meses para a conclusão.
Mesmo com os desafios evidenciados, a Bamin sustenta que o projeto continua no foco operacional, mantendo equipes alocadas nas atividades de suporte, ambientais e logísticas, enquanto as tratativas avançam para recompor a estrutura de investimentos e prosseguir com a execução das obras.
Conexões estratégicas em debate institucional
A condução das obras sob nova configuração poderá exigir atualizações regulatórias e contratuais perante a ANTT, órgão regulador responsável pela concessão ferroviária. As possíveis alterações visam permitir a acomodação do novo parceiro dentro dos marcos legais vigentes, assegurando segurança jurídica ao investimento e previsibilidade à operação.
O envolvimento do BNDES contribui na avaliação técnica de viabilidade e modelagem econômica, ampliando as alternativas de financiamento e abrindo espaço para rodadas de negociações multilaterais, especialmente com grupos estrangeiros interessados em acessar rotas ferroviárias de escoamento mineral no litoral brasileiro.
Este ambiente de negociações tem sido acompanhado de perto por agentes do setor de infraestrutura ferroviária, atentos aos desdobramentos que podem redefinir o perfil logístico do eixo Oeste-Leste no estado da Bahia.
FAQ
1 – Qual o atual percentual de execução da Fiol? Segundo a Bamin, cerca de sessenta e quatro por cento do primeiro trecho da Fiol já foi executado, com investimentos próprios superiores a R$ 800 milhões.
2 – Existe previsão para a retomada das obras? A mineradora projeta concluir o trecho entre Caetité e Ilhéus em até 30 meses, a partir da formalização de um novo sócio. O Porto Sul tem previsão de 48 meses para finalização.
3 – Que entidades participam das tratativas de retomada? Além da Bamin, participam do processo o BNDES, como apoiador financeiro e técnico, estatais chinesas em negociações, e a ANTT, responsável por ajustes contratuais para inclusão de novos interessados.