A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) é uma das maiores e mais importantes malhas ferroviárias do Brasil, desempenhando um papel crucial no escoamento de mercadorias, especialmente do agronegócio, entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste. Operada pela VLI Logística, a FCA é a principal conexão ferroviária entre o Espírito Santo e o Brasil Central, passando por oito estados brasileiros. Nos próximos dias, começam as audiências públicas organizadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para debater a renovação da concessão da ferrovia, que está prevista para durar até 2056. Esse processo abre espaço para ajustes e melhorias no projeto, que podem impactar diretamente a eficiência logística do Brasil.
O que é a FCA?
A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) é uma linha ferroviária operada pela VLI Logística, conectando regiões importantes do Brasil, incluindo os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Bahia. É um projeto que desempenha um papel fundamental no transporte de cargas, como grãos, minerais e combustíveis, integrando setores-chave da economia. A FCA moderniza suas operações com investimentos em infraestrutura e segurança, buscando intervenções na eficiência logística e atendendo à crescente demanda do mercado.
A Serra do Tigre
O governo capixaba planeja incluir a variante da Serra do Tigre, localizada em Minas Gerais, no novo pacote de investimentos que será exigido da entrega responsável pela FCA. Essa variante, com aproximadamente 400 km de extensão, representaria um novo trilho traçado para contornar a serra, o que resultaria em maior eficiência no transporte de cargas entre o Brasil Central e os portos do Espírito Santo.
O projeto também visa melhorar o tempo de deslocamento e o custo operacional da logística ferroviária. Segundo um estudo, essa melhoria poderia gerar uma economia de cerca de R$ 10 por tonelada transportada no volume de produtos transportados anualmente.
Além da redução de custos, o governo do Espírito Santo acredita que o projeto da variante da Serra do Tigre é essencial para consolidar o estado como uma plataforma logística de importância nacional, com capacidade de receber e distribuir e exportações de maneira mais eficiente. A variante também contribuiria para desafogar outros portos e aumentar a competitividade dos terminais portuários capixabas, especialmente em relação ao escoamento de produtos do agronegócio brasileiro para o mercado internacional.
Investimento Federal
Em outro cenário a União financiaria total ou parcialmente o projeto, e a administração do novo trecho ficaria a carga de uma entrega, que poderia ser a VLI Logística ou outra empresa.
No entanto, ainda não existe um projeto executivo para essa alternativa, e as estimativas de variação de custo são bastante. Algumas indicações indicam um investimento na casa de R$ 5,5 bilhões, enquanto outras apontam para valores superiores a R$ 10 bilhões. A VLI Logística já manifestou que o grande desafio para a construção da variante está em suas soluções econômicas, o que torna este cenário mais incerto e complexo.
Audiências
Nas audiências públicas organizadas pela ANTT que ocorrerão nos oito estados cortados pela ferrovia, será possível conhecer os detalhes do projeto de renovação da concessão, além de sugerir mudanças e ajustes que poderão beneficiar tanto o setor produtivo quanto as comunidades impactadas pela ferrovia.
A primeira audiência pública está agendada para o dia 15 de outubro em Vitória, no Espírito Santo. Representantes do governo estadual participaram do evento visando defender a inclusão da variante da Serra do Tigre no novo contrato de concessão, argumentando que essa obra é essencial para a modernização da logística ferroviária e para o desenvolvimento econômico do estado.