O agronegócio brasileiro é um gigante que alimenta o mundo, mas carrega um desafio, quase a totalidade dos fertilizantes usados nas lavouras vem de outros países. Enquanto nações com produção agrícola similar têm maior autonomia, o Brasil segue refém do mercado externo. Com conflitos globais e crises logísticas, a busca por alternativas virou prioridade. Mas será que o país tem condições de virar esse jogo?
O domínio das importações e os riscos
Segundo a Eurochem nove em cada dez toneladas de fertilizantes aplicados no solo brasileiro são compradas de mercados internacionais. A Rússia, um dos principais fornecedores, tornou-se um mercado instável após a invasão da Ucrânia. O resultado foi um alerta generalizado e uma corrida para reduzir a vulnerabilidade do agronegócio.
Enquanto isso, unidades antes abandonadas voltam a ser discutidas e projetos de novas fábricas ganham força. Mas um problema persiste, não há certeza se o Brasil possui reservas minerais suficientes para sustentar uma produção em larga escala.
O que esconde o subsolo brasileiro?
A falta de um mapeamento geológico detalhado é um obstáculo sério. Sem saber onde estão os depósitos de potássio, nitrogênio e fósforo, essenciais para a fabricação de fertilizantes, fica difícil planejar uma indústria nacional forte. Algumas regiões, como o Amazonas e Sergipe, têm potencial, mas ainda não há estudos conclusivos.
Enquanto o governo sinaliza investimentos em pesquisa, o setor privado busca alternativas. Parcerias com empresas especializadas em exploração mineral podem acelerar o processo, mas o caminho é longo e exige vultosos recursos.
O dilema verde: produzir mais sem agredir o meio ambiente
Outro desafio é a pegada de carbono. O setor de fertilizantes responde por um quinto das emissões do agronegócio, e a pressão por processos mais limpos só aumenta. A descarbonização é uma demanda de mercado e uma exigência de acordos internacionais.
Novas tecnologias, como a captura de carbono e o uso de fontes renováveis na fabricação, estão em teste. Se o Brasil quiser se tornar um player global nesse mercado, precisará aliar crescimento e sustentabilidade, um equilíbrio delicado, mas possível.
O Caminho Para a Autossuficiência
A solução passa por múltiplas frentes, desde investimentos em exploração mineral até a modernização de plantas industriais. Algumas iniciativas já estão em curso, como a retomada de projetos de mineração em áreas estratégicas e incentivos fiscais para fábricas nacionais.
Mas o tempo é um fator crítico. Enquanto o país se movimenta, o mercado global de fertilizantes segue volátil. Se o Brasil não agir rápido, pode continuar refém de oscilações de preço e crises de abastecimento.
FAQ – Perguntas Que Não Querem Calar
1 – O Brasil tem minerais suficientes para produzir seus próprios fertilizantes? Ainda não há uma resposta definitiva. Estudos preliminares indicam potencial, mas falta um mapeamento geológico completo para confirmar reservas economicamente viáveis.
2 – Por que a descarbonização é tão importante para o setor? Além de reduzir o impacto ambiental, processos mais limpos são exigidos por mercados consumidores e acordos climáticos. Quem não se adaptar, pode ficar fora do jogo.
3 – Quanto tempo levará para o Brasil reduzir sua dependência de importações? Especialistas estimam que, com investimentos consistentes, em uma década o país possa suprir até metade da demanda interna. Mas tudo depende de ações imediatas.