A Coamo Agroindustrial Cooperativa recebeu a licença de instalação emitida pelo IaT – Instituto Água e Terra para erguer uma nova usina de etanol de milho em Campo Mourão, no Paraná. Com investimento projetado em R$ 1,7 bilhão, o empreendimento reforça a verticalização da produção agrícola da cooperativa e amplia sua atuação no mercado de biocombustíveis.
Com capacidade para processar 1.700 toneladas de milho por dia, a estrutura deve produzir 765 mil litros de etanol diariamente. Além do combustível, haverá aproveitamento do resíduo da produção para obtenção de farelo destinado à alimentação animal, o que garante eficiência operacional e aproveitamento integral da matéria-prima.
O financiamento do projeto conta com R$ 500 milhões do BNDES, conforme anunciado durante a entrega oficial da licença. A previsão para início das operações industriais é o segundo semestre de 2026.
Localização e infraestrutura
A nova unidade será implantada dentro do Parque Industrial da Coamo, onde já operam nove plantas dedicadas ao processamento de alimentos e produtos agroindustriais. A área, situada no eixo central do Paraná, dispõe de acessos logísticos rodoviários e ferroviários que favorecem a distribuição da produção e o escoamento até outros polos industriais e portuários.
Entre as instalações do complexo estão unidades de margarina, fiação de algodão, moagem de trigo e derivados de gordura vegetal, evidenciando o nível de diversificação industrial da cooperativa. A nova planta amplia esse portfólio com um produto voltado à matriz energética nacional.
Relação entre a produção e a cadeia logística
A produção de etanol vai aproveitar de 500 mil a 600 mil toneladas de milho por ano, provenientes do volume anual de 3 milhões de toneladas movimentadas pela cooperativa. A escolha por Campo Mourão como sede da usina favorece a logística, pois concentra parte expressiva do escoamento agrícola da região e é um centro consolidado de recebimento de grãos.
Outro fator relevante é a sinergia com o projeto em andamento no Litoral Norte de Santa Catarina, onde a Coamo prepara a instalação de um terminal portuário em Itapoá. O novo porto terá perfil misto, com movimentação de grãos para exportação, fertilizantes importados e operações com combustíveis, ampliando o raio de influência da produção paranaense.
A conexão entre interior e litoral passa a contar com dois pontos de escoamento: um agroindustrial em Campo Mourão e outro portuário em Itapoá. Essa dinâmica eleva a eficiência logística e distribui o fluxo de transporte entre diferentes modais.
Sustentabilidade e regulação ambiental
O aval do IaT, vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável do Paraná, foi um passo crucial para o início das obras. O órgão destacou que o projeto atende aos critérios exigidos pelas diretrizes estaduais e federais de sustentabilidade e controle de impacto ambiental.
A concessão da licença de instalação ocorre após a análise técnica de viabilidade ambiental, envolvendo aspectos como gestão hídrica, tratamento de efluentes, controle de emissões e uso racional do solo. A documentação emitida autoriza a fase de implantação física da usina, condição obrigatória para o início das obras civis.
Além da produção de energia renovável, o reaproveitamento de resíduos do milho para formulação de ração animal reduz o passivo ambiental e contribui para a diversificação da cadeia produtiva do agronegócio local.
Alinhamento com políticas de financiamento público
A presença do BNDES no projeto sinaliza aderência às diretrizes de fomento à transição energética e ao desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis. O banco de fomento tem priorizado investimentos com retorno ambiental e social, especialmente nas regiões com vocação agrícola e estrutura organizacional cooperativa.
A concessão de R$ 500 milhões em crédito permite à Coamo manter o cronograma de construção e operar com previsibilidade financeira em um cenário que ainda demanda atenção em relação à volatilidade de preços do milho e à política de combustíveis renováveis.
A expectativa é de que o financiamento se articule com outras linhas de crédito para infraestrutura, viabilizando conexões logísticas, melhorias no armazenamento de grãos e ampliação da capacidade de transporte.
Impacto regional e diversificação produtiva
O novo ciclo industrial da Coamo ocorre em uma região de alta produtividade agrícola e fortalece a verticalização da cadeia. Com a nova usina, a cooperativa passa a agregar valor ao milho local, reduzindo a dependência de terceiros no fornecimento de etanol e ampliando a receita com produtos derivados.
Essa diversificação permite estabilidade em ciclos de baixa nos preços agrícolas e reforça a permanência da mão de obra especializada em Campo Mourão e municípios vizinhos. A atuação da cooperativa, com presença também em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, favorece o compartilhamento de boas práticas operacionais entre as unidades e reforça a competitividade da produção agrícola do Sul do Brasil.
FAQ – Essencial do Setor
1 – Qual será a capacidade total de produção da nova usina da Coamo? A usina terá capacidade diária de 765 mil litros de etanol, com processamento de 1.700 toneladas de milho por dia.
2 – Como está estruturado o financiamento para o projeto? Do total de R$ 1,7 bilhão estimados, 500 milhões serão financiados pelo BNDES. O restante virá de capital da própria cooperativa.
3 – Quais os benefícios operacionais da localização da usina? Campo Mourão concentra parte da produção agrícola da cooperativa, já abriga outras plantas industriais e conta com infraestrutura logística adequada para distribuição e escoamento.