A seca severa que atinge o norte do Brasil está causando sérios impactos no transporte de grãos, principalmente soja e milho, ao longo dos rios Madeira e Tapajós. A situação aumentou os custos de exportação, obrigando as empresas do setor a buscarem alternativas logísticas mais onerosas. Segundo a Associação de Terminais Portuários Privados (Amport), as condições dos rios resultaram em uma redução de 40% no transporte de grãos pelo Rio Tapajós e uma paralisação completa no Rio Madeira, afetando fortemente a cadeia de exportações que escoa principalmente pela região norte.
Essa situação agrava ainda mais o desafio enfrentado pelos exportadores de grãos, uma vez que essas hidrovias desempenham um papel fundamental no transporte de produtos agrícolas de Mato Grosso e Rondônia até os portos da região amazônica. Com a baixa navegabilidade, grandes empresas como Hidrovias do Brasil, Cargill e Amaggi estão sendo obrigadas a redirecionar suas cargas para rotas alternativas, o que inclui a utilização de estradas e portos do sul e sudeste do país. Isso, por sua vez, tem resultado em um aumento nos custos logístico, além de impactar o cronograma de exportações.
Volume de transporte e expectativas
As estimativas são preocupantes, com o volume de transporte no Rio Tapajós, um dos principais corredores logísticos da região, limitado em 40%. A Reuters destacou que os custos de transporte de grãos na rota norte aumentaram, e a expectativa para os próximos meses ainda é de incerteza. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) vem acompanhando o cenário e projetando uma recuperação possível para 2024, com base nas observações climáticas.
A perspectiva de melhoria está associada às características La Niña, que deve trazer chuvas para a região antes do previsto, o que pode reverter o quadro de estimativa atual e restaurar a navegabilidade nas hidrovias.
Tipos de carga e impactos econômicos
Os principais produtos transportados na região são soja, milho e farelo de soja, com a maior parte destinada à exportação. O aumento dos custos logísticos e o atraso nas entregas representam um grande desafio para o setor, que já enfrenta concorrência acirrada no mercado internacional. Empresas como a Hidrovias do Brasil, que operam na região, também estão enfrentando dificuldades para manter suas operações dentro do cronograma.
Além disso, o desvio de rotas para o sul e sudeste coloca pressão adicional sobre a infraestrutura logística dessas regiões, especialmente rodovias e portos, que já operam próximas de sua capacidade máxima. Isso também gera um aumento nos custos dos fretes internos e impactar outros setores que dependem dessas rotas para o escoamento de mercadorias.
Movimentação de exportadores
Empresas de grande porte vêm buscando mitigar os impactos dessa situação por meio de ajustes operacionais e renegociações de contratos logísticos. A Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) destaca que o Brasil, mesmo com esse aumento nos custos e com os desafios logísticos, deverá manter um volume de exportações no ano, embora com margens de lucro maiores para os exportadores.
Outro fator importante nesse contexto é a entrega dos terminais portuários privados, que buscam adquirir suas transações para garantir o escoamento da produção. A Amport segue monitorando a situação, enquanto as empresas de logística e exportações continuam iniciando por uma solução para reduzir a dependência das hidrovias em situações de estiagem severa.
Expectativa para o fim de 2024
Embora a situação atual seja crítica, as projeções para o fim de 2024 indicam uma melhoria possível no cenário. As previsões meteorológicas La Niña, que traz chuvas mais intensas para a região norte do Brasil, podem restaurar a navegação dos rios, permitindo que as hidrovias voltem a operar em capacidade plena. No entanto, os especialistas alertam que, até lá, os exportadores continuarão enfrentando dificuldades e altos custos logísticos.
A recuperação das hidrovias será crucial para que o Brasil mantenha sua competitividade no mercado global de grãos, uma vez que as alternativas logísticas via estradas e portos do sul são mais caras e menos eficientes.