O Aeroporto Internacional Tom Jobim, conhecido como Galeão, vive uma retomada desde o segundo semestre do último ano. Após enfrentar uma fase crítica com baixo movimento, a limitação de operações no Santos Dumont trouxe de volta o protagonismo ao Galeão. Contudo, uma possível flexibilização das restrições para o Santos Dumont, prevista para 2025, pode ameaçar esse avanço e afetar a economia do Rio de Janeiro.
Portaria do TCU
A situação começou a mudar em 2023, quando uma portaria do Tribunal de Contas da União (TCU) determinou um teto para o volume de passageiros no Santos Dumont, reduzindo o limite para 6,5 milhões ao ano. Essa medida foi tomada para equilibrar as demandas entre os aeroportos do estado do Rio de Janeiro, redistribuindo voos e fomentando a utilização do Galeão, que é mais afastado da região central da cidade.
O resultado foi imediato. O Galeão registrou um aumento no fluxo de passageiros, alcançando cerca de 14,6 milhões em 2023, um salto em comparação com os números anteriores, que eram bem abaixo do esperado. Esse crescimento foi impulsionado por voos domésticos e internacionais.
Companhias aéreas aumentam operações
As companhias aéreas também atuaram nessa retomada. A American Airlines inaugurou uma rota para Dallas e aumentou a frequência de voos para Miami e Nova York. Já a Aerolíneas Argentinas criou rotas para Córdoba e Rosário, além de aumentar a frequência para Buenos Aires. Esses movimentos consolidaram o Galeão como um hub nas conexões internacionais, trazendo uma nova dinâmica ao transporte aéreo no Rio de Janeiro.
Segundo a Infraero, o crescimento no volume de passageiros internacionais saltou de 2,87 milhões em 2023 para 3,7 milhões em 2024, reforçando a relevância do Galeão como principal porta de entrada internacional no estado.
O Santos Dumont
Apesar dos avanços, a situação pode mudar a partir de 2025. O Ministério de Portos e Aeroportos está estudando a possibilidade de flexibilizar as restrições no Santos Dumont, permitindo um aumento no limite de passageiros. A proposta sugere elevar o teto para algo entre 7 milhões e 8 milhões de passageiros anuais, desde que não haja queda na qualidade dos serviços não afete o movimento no Galeão.
Essa revisão anual das limitações já estava prevista na portaria inicial do TCU. Entretanto, para diversos especialistas e entidades, flexibilizar as operações do Santos Dumont pode significar um retrocesso no sistema multi-aeroportos do Rio, que demonstrou crescimento desde a adoção do limite.
Setor de cargas carioca
Outro ponto positivo do novo equilíbrio entre os aeroportos foi o crescimento no volume de cargas transportadas. Segundo dados recentes, o Galeão registrou o maior volume de cargas dos últimos 10 anos, um aumento diretamente relacionado à falta de limitação de peso na pista. Ao contrário do Santos Dumont, que possui pista menor e impede o transporte de cargas mais pesadas, o Galeão.
Posicionamento das autoridades
A possibilidade de flexibilizar as restrições no Santos Dumont não foi bem recebida por parte das autoridades locais. A Prefeitura do Rio de Janeiro manifestou preocupação com o impacto que o aumento de operações no Santos Dumont pode gerar, destacando questões como o trânsito, restrições ambientais e a distribuição desigual do fluxo aéreo.
O governo do estado também se posicionou contra a flexibilização “pelo aumento”, afirmando que o sistema multi-aeroportos do Rio funcionou de maneira eficiente após a limitação. O aumento de 4,5% no número total de passageiros entre janeiro e outubro deste ano é uma prova de que a decisão foi acertada.
O cenário dos aeroportos no Rio
O avanço do Galeão é um reflexo de uma estratégia para otimizar o sistema aéreo da região metropolitana do Rio de Janeiro. A preocupação agora é garantir que os ganhos conquistados com a distribuição de voos não sejam perdidos em uma possível revisão das regras.
A discussão entre os interesses econômicos e logísticos dos dois principais aeroportos do Rio é complexa. Enquanto o Santos Dumont se destaca pela localização privilegiada, o Galeão oferece infraestrutura para voos de longa distância e movimentação de cargas pesadas.
Com as operações internacionais em crescimento e o volume de cargas em alta, o Galeão demonstra que pode ser um importante motor para a economia local. Agora, resta saber como o Ministério de Portos e Aeroportos vai conduzir essa revisão sem comprometer o equilíbrio atual.
FAQ – Perguntas Frequentes
1. O que motivou a limitação de passageiros no Santos Dumont? A limitação foi motivada por uma portaria do TCU para redistribuir voos entre os aeroportos do Rio, favorecendo a utilização do Galeão e equilibrando a demanda aérea.
2. Qual foi o impacto dessa limitação no Galeão? O Galeão viu um aumento no fluxo de passageiros e cargas, consolidando-se como um hub internacional e movimentando seu maior volume logístico em 10 anos.
3. Por que a flexibilização do Santos Dumont preocupa autoridades? Autoridades temem que o aumento no Santos Dumont desequilibre o sistema aéreo, impacte a economia do Galeão e cause problemas ambientais e de trânsito na região central do Rio.