A movimentação nos bastidores da infraestrutura aérea cearense ganhou novo ritmo com a contratação emergencial da Dix Empreendimentos LTDA para gerir os aeroportos de Jericoacoara, no município de Cruz, e Aracati. A mudança ocorre após uma sequência de entraves entre a SOP – Superintendência de Obras Públicas e a Infraero, antiga responsável pela operação de dez aeroportos no estado desde 2023.
Com investimento previsto de mais de R$ 12 milhões, a chegada da Dix reconfigura o setor e promete nova dinâmica à aviação local, especialmente em terminais com histórico de ociosidade como o de Aracati.
A operação em dois blocos
A decisão da SOP de dividir a gestão em dois blocos responde à urgência de manter a operação regular dos aeroportos. No Bloco 1, estão Jericoacoara e Aracati, agora sob responsabilidade da Dix Empreendimentos LTDA. No Bloco 2, permanecem os oito terminais restantes, à espera de desfecho sobre novas licitações.
A medida não é isolada. Ela reflete um movimento mais amplo para garantir continuidade nos serviços essenciais enquanto as tratativas formais de concessão não avançam.
Um ciclo de impasses e saídas
Em 2023, a Infraero havia assumido a gestão de dez aeroportos regionais com promessa de investimento. Meses depois, surgiram alegações de inatividade quanto à aplicação de recursos e solicitações de reequilíbrio tarifário, o que acentuou o desgaste.
O episódio ganhou novos contornos com a ausência de aporte financeiro por parte do Estado em alguns equipamentos, como o de Quixadá. A situação chegou ao limite em fevereiro deste ano, quando começaram a circular informações sobre a saída definitiva da Infraero. O distrato, firmado por comum acordo, será efetivado no fim de abril de 2025.
A experiência que pesa
A Dix Empreendimentos LTDA já atua em dezenas de aeroportos regionais em estados como São Paulo, Pernambuco e Pará, e é responsável por terminais de porte médio em localidades estratégicas como Belém e Fernando de Noronha.
Esse histórico oferece uma camada de previsibilidade à operação, especialmente nos quesitos manutenção e regularidade administrativa, pilares críticos em qualquer infraestrutura aeroportuária. No Ceará, sua estreia envolverá os serviços de operação, administração, conservação e manutenção das unidades de Jeri e Aracati.
O eixo Jeri-Aracati em destaque
O aeroporto de Jericoacoara é frequentemente citado como o equipamento mais atrativo da aviação regional cearense. Com fluxo constante de turistas e conexão direta com o setor hoteleiro de alto padrão, é visto como peça-chave para consolidar rotas comerciais.
Já o terminal de Aracati tem histórico de operação com a Azul Conecta, que o ligava a destinos como Mossoró e Recife. Apesar da pausa nas operações regulares, especialistas no setor avaliam que o aeroporto pode voltar ao protagonismo regional com estímulo adequado, especialmente se a Secretaria do Turismo do Ceará assumir seu redesenho logístico e comercial.
Da Infraero à Setur
Com o encerramento do vínculo da Infraero, a transferência dos aeroportos da Superintendência de Obras Públicas para a Setur – Secretaria do Turismo do Ceará tende a ser a próxima etapa. Essa movimentação interessa ao setor produtivo, que vê na Setur uma estrutura mais voltada à conexão entre infraestrutura e desenvolvimento turístico.
Sob a ótica dos investidores, o novo desenho pode ampliar as chances de parcerias com a iniciativa privada, particularmente em terminais com potencial subutilizado, como Sobral e Aracati. O interesse da Setur será determinante para a formatação de novos editais e para o reposicionamento dos aeroportos regionais no mapa da aviação comercial.
O Diário Oficial
Enquanto os terminais de Jericoacoara e Aracati já têm destino definido, os oito aeroportos do Bloco 2 permanecem à margem de decisões mais transparentes. Não há, até o momento, registros no Diário Oficial do Estado sobre novas licitações ou estudos técnicos que indiquem diretrizes para esses equipamentos.
Sem esse planejamento à vista, a expectativa gira em torno de como o governo estadual irá proceder com a gestão desses terminais em 2025. A ausência de voos comerciais regulares e a carência de infraestrutura dificultam a atração de operadores interessados.
Voos comerciais
A ociosidade atual de terminais como Aracati e Sobral é observada com atenção por operadores e consultores do setor. A retomada de rotas comerciais pode ocorrer a partir de iniciativas conjuntas entre o poder público e empresas aéreas regionais.
Experiências anteriores com companhias como Azul Conecta indicam que a demanda existe, desde que aliada a incentivos, subsídios operacionais e melhorias de acesso. A Secretaria do Turismo do Ceará poderá ser decisiva ao articular essas possibilidades, sobretudo se incluir os aeroportos em campanhas de promoção turística e acordos com empresas de transporte.
O que muda com a entrada da Dix
A contratação emergencial da Dix Empreendimentos LTDA traz à tona discussões sobre o modelo de concessão ideal para aeroportos de médio porte em regiões com vocação turística e potencial logístico ainda em fase inicial.
Enquanto a entrada da nova gestora assegura a continuidade dos serviços e evita paralisações em terminais importantes, o modelo emergencial é, por definição, transitório. A atenção do setor deve se voltar agora para a estruturação de editais que garantam competitividade, segurança jurídica e previsibilidade operacional.
FAQ
1 – Quem é responsável pela gestão dos aeroportos de Jericoacoara e Aracati a partir de abril de 2025? A Dix Empreendimentos LTDA assume a operação dos dois terminais por contratação emergencial feita pela SOP.
2 – Por que a Infraero deixou a gestão dos aeroportos regionais do Ceará? A saída foi resultado de um distrato por comum acordo após dificuldades na aplicação de investimentos e solicitações de reequilíbrio contratual não atendidas.
3 – Qual será o papel da Secretaria do Turismo do Ceará? A Setur deverá receber os aeroportos da SOP e coordenar novas diretrizes voltadas à promoção turística e possíveis concessões privadas.