O Complexo de Suape, em Pernambuco, trabalha para aumentar sua capacidade de movimentação de cargas. Com grandes investimentos e projetos, o porto pretende dobrar seu volume de operações nos próximos anos, atingindo a marca de 50 milhões de toneladas anuais até 2030. Essa expansão é resultado de uma série de iniciativas, desde a modernização de infraestruturas e a entrada em novos mercados, como o transporte de grãos e a produção de combustíveis sustentáveis.
A expansão do porto e novas rotas
Um dos principais motores dessa transformação é a ampliação das instalações portuárias. O Tecon Suape, terminal de contêineres, já registrou um crescimento de 23% em 2024, movimentando mais de 646 mil TEUs. Para os próximos anos, a expectativa é que o novo Terminal de Uso Privado (TUP), operado pela APM Terminals Suape, eleve ainda mais essa capacidade. Com investimentos de R$ 1,6 bilhão, o terminal será o primeiro 100% eletrificado da América Latina, ampliando a conectividade do porto com mercados europeus e asiáticos.
Além disso, a construção de dois novos berços de atracação nos Cais 6 e 7, com investimentos que somam R$ 804,5 milhões, permitirá a movimentação de novos tipos de carga, incluindo grãos. Essa é uma aposta importante para diversificar as operações do porto, que atualmente não movimenta soja ou milho.
MATOPIBA e a integração com o agronegócio
O MATOPIBA, acrônimo que representa a região produtora de grãos formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é uma das áreas mais promissoras do agronegócio brasileiro. A integração ferroviária entre Suape e essa região, especialmente com a conclusão da Transnordestina, poderia transformar o porto em uma alternativa viável para o escoamento de grãos, reduzindo a dependência do Porto de Santos, que enfrenta saturação.
Mesmo sem uma ferrovia, o Complexo de Suape já está se preparando para receber cargas do agronegócio. Estudos de viabilidade para a construção de um terminal de grãos foram realizados pela Infra SA, e reuniões com representantes do setor estão em andamento. A expectativa é que, em breve, o porto possa incluir grãos em seu mix de cargas, ampliando sua relevância no cenário nacional.
E-Metano e a transição energética
Outro destaque é a produção de e-metano, um combustível sustentável que vem ganhando espaço no mercado global. A European Energy, empresa dinamarquesa, está investindo R$ 2 bilhões em um projeto de produção de e-metanol no Complexo de Suape. Esse combustível é produzido a partir de hidrogênio verde e dióxido de carbono biogênico, sendo uma alternativa limpa para setores como o marítimo e o de plásticos.
O projeto, que deve entrar em operação em 2028, tem potencial para gerar 250 empregos diretos durante a fase de obras e 40 na operação. Além disso, a cadeia de suprimentos do e-metanol pode atrair novos investimentos para Pernambuco, como usinas de etanol e empresas de logística.
Modernização da Refinaria Abreu e Lima
A Refinaria Abreu e Lima (RNEST) também está passando por uma modernização. Com a expansão do Trem 1 e a construção do Trem 2, a capacidade de produção deve saltar de 100 mil para 260 mil barris por dia. Além disso, a instalação da Unidade de Abatimento de Emissões Atmosféricas (SNOX) reduzirá a emissão de gases poluentes e permitirá a produção de ácido sulfúrico, um subproduto comercializável.
Terminal de GNL e novas oportunidades
O Terminal de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL), com investimentos de R$ 2,2 bilhões da OnCorp em parceria com a Shell, é outro projeto que promete transformar o Complexo de Suape. Com previsão de operação para 2026, o terminal receberá gás natural em estado líquido, convertendo-o para o estado gasoso e injetando-o na rede de distribuição. Essa estrutura pode atrair novas termelétricas para o estado, fortalecendo ainda mais a matriz energética regional.
BR do Mar e o estímulo à cabotagem
A BR do Mar, programa do governo federal que incentiva o transporte de cargas por cabotagem, também deve beneficiar o Complexo de Suape. Com a redução da dependência do transporte rodoviário, a expectativa é que o porto receba um volume maior de cargas, além de atrair novos investidores para o setor marítimo.
FAQ
- O que é o MATOPIBA?
O MATOPIBA é uma região composta pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, conhecida por sua forte produção de grãos, como soja e milho.
- O que é e-metano?
O e-metano é um combustível sustentável produzido a partir de hidrogênio verde e dióxido de carbono biogênico, utilizado em setores como o marítimo e o de plásticos.
- Quais são os principais investimentos no Complexo de Suape?
Entre os principais investimentos estão o Terminal de Uso Privado da APM Terminals Suape, o Terminal de GNL da OnCorp e a ampliação da Refinaria Abreu e Lima.
- Como o Complexo de Suape pretende atrair cargas do agronegócio?
O porto está realizando estudos de viabilidade para a construção de um terminal de grãos e buscando integração com regiões produtoras, como o MATOPIBA.
- Qual é o impacto da BR do Mar no Complexo de Suape?
A BR do Mar deve aumentar a demanda por cabotagem, beneficiando o porto com um maior volume de cargas e atraindo novos investimentos.