A transformação da matriz elétrica brasileira, impulsionada pela expansão de fontes renováveis, trouxe um novo cenário para a energia eólica no Brasil. Com o avanço de fontes como solar e eólica, o país vive uma revolução energética que redefine o mercado. Apesar das conquistas, desafios complexos exigem adaptações para garantir o equilíbrio entre crescimento sustentável e viabilidade econômica.
O papel das energias renováveis na matriz elétrica
Nos últimos anos, as fontes renováveis, especialmente solar e eólica, tornaram-se pilares da expansão energética no Brasil e no mundo. A competitividade dessas tecnologias cresceu, resultando em custos reduzidos e maior participação na matriz elétrica. No entanto, essa evolução também trouxe consequências desafiadoras, como o fenômeno conhecido como “Curva do Pato”.
O Que é a “Curva do Pato”?
A “Curva do Pato” é um termo utilizado para descrever a disparidade entre a geração e a demanda de energia elétrica ao longo do dia. Esse fenômeno ocorre principalmente em regiões com alta penetração de energia solar. Durante o dia, a geração de energia solar é abundante, reduzindo a necessidade de outras fontes. Porém, ao anoitecer, quando a demanda por energia aumenta, a geração solar cai abruptamente, exigindo maior utilização de outras fontes.
Esse efeito complica o planejamento da operação do sistema, e ainda pode gerar sobrecustos e a necessidade de investimentos em tecnologias como baterias para armazenamento.
Competitividade
A energia eólica, outrora protagonista, enfrenta agora a concorrência crescente da energia solar. Com custos cada vez mais baixos e uma cadeia de suprimentos global eficiente, a solar tornou-se uma forte concorrente. A energia eólica, por sua vez, enfrenta dificuldades como:
- Saturação dos melhores locais: Os locais com maior potencial de vento estão em vias de esgotamento, dificultando novos projetos competitivos.
- Menor expectativa de inovação: Enquanto a solar continua a reduzir custos graças a avanços tecnológicos, as inovações eólicas apresentam menor impacto no curto prazo.
- Margem de escoamento limitada: Conexões em regiões de alto potencial estão saturadas, gerando competição intensa.
Economia e demandas regulatórias
Outro desafio é a baixa demanda por energia elétrica, reflexo das crises econômicas da última década. A redução na demanda impactou diretamente os contratos firmados, gerando sobreoferta no sistema. Essa situação, somada à pressão por tarifas competitivas, exige adaptações regulatórias para destravar novos investimentos em renováveis.
A métrica do Custo Nivelado de Energia (LCOE), amplamente usada para avaliar projetos renováveis, não considera custos adicionais como congestão de linhas de transmissão ou cortes de geração, conhecidos como “curtailment”. Esses fatores podem elevar os custos em mais de 20% para solar e até 5% para eólica.
A tecnologia e as baterias
A integração de novas tecnologias, como baterias, está ganhando força no Brasil. São importantes para armazenar o excedente de geração e garantir estabilidade à rede, especialmente em momentos de baixa demanda. Com a maturação regulatória dessas soluções, espera-se que elas participem dos próximos leilões de capacidade, oferecendo maior flexibilidade ao sistema.
Perspectivas para a Energia Eólica no Brasil
Apesar das adversidades, a energia eólica possui vantagens competitivas que podem ser exploradas:
- Cadeia de suprimentos local: A presença de uma indústria nacional bem estruturada reduz riscos logísticos e fortalece o setor.
- Menor dependência de modulação: Diferentemente da energia solar, a eólica é menos afetada por variações abruptas de geração.
O futuro da eólica dependerá de uma recuperação sólida da demanda por energia elétrica e de políticas públicas que promovam um ambiente favorável para novos investimentos.
FAQ
1. O que significa “Curva do Pato” no setor energético?
É o termo que descreve o descompasso entre geração solar abundante durante o dia e a demanda por energia à noite, criando desafios operacionais.
2. Por que a energia solar se tornou tão competitiva?
Devido à redução de custos proporcionada por avanços tecnológicos e à oferta robusta de equipamentos, especialmente da China.
3. Quais são os desafios enfrentados pela energia eólica no Brasil?
Saturação de locais ideais, menor inovação tecnológica e competição por conexão em áreas de alto potencial renovável.
4. Como as baterias podem ajudar na transição energética?
Elas permitem armazenar excedentes de energia renovável, garantindo maior estabilidade à rede e reduzindo o impacto da intermitência.
5. Qual o papel das políticas públicas na expansão renovável?
São fundamentais para adaptar o ambiente regulatório, destravar investimentos e garantir equilíbrio entre oferta e demanda.