A rodovia BR-262, um importante corredor logístico em Minas Gerais, será leiloada em 31 de outubro em um evento que representa a oportunidade de revitalizar o trecho conhecido como “Rota do Zebu“, que conecta as cidades de Uberaba e Betim. A nova concessão, que envolve um projeto de investimentos estimados em R$ 4,3 bilhões e despesas financeiras de aproximadamente R$ 3,6 bilhões, é parte do esforço do governo para garantir melhorias na infraestrutura rodoviária do país. Confira detalhes do projeto, o processo de concessão e a perspectiva das principais concessionárias de rodovias envolvidas, incluindo CCR e EcoRodovias.
A concessão e a reestruturação do projeto
A concessão da BR-262 é atualmente gerida pela Triunfo Concebra, que havia assumido o contrato em 2014 para um pacote que incluía também as rodovias BR-060 e BR-153. No entanto, devido a desequilíbrios financeiros e à falta de viabilidade de investimentos necessários, a empresa solicitou a devolução dos ativos ao governo em 2022, e assim foi assinado um aditivo para garantir a operação até que a relicitação fosse viabilizada.
Após um processo de reavaliação, o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovaram o novo projeto em 2024. Em julho, a ANTT confirmou a data do leilão e publicou o edital que destaca diversas obras de melhoria ao longo dos 439 km de extensão da rodovia. Entre as principais exigências estão 44 km de duplicação de pistas, 168 km de novas faixas, construção de 4,4 km de estradas marginais e 17 passarelas. Essas intervenções fazem parte de um plano para melhorar a segurança e a fluidez do tráfego na região, além de reduzir os riscos de execução, dividindo responsabilidades com a autoridade adjudicatória.
Condições do leilão e expectativas de retorno
O Banco Safra realizou uma análise financeira detalhada sobre o potencial do leilão, destacando que o vencedor será aquele que oferecer o maior desconto nas tarifas de pedágio, com um teto de 18%. O valor do desconto além deste limite será depositado em uma conta de garantia, oferecendo mais segurança para o projeto. O prazo da concessão é de 30 anos, com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) estimada em 9,21% ao ano, considerando uma estrutura de capital sem alavancagem.
O banco estima que o projeto gerará um Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 155 milhões, desde que não haja reduções adicionais na tarifa de pedágio, e prevê uma TIR de 14,3% se alavancada. Essa estimativa é baseada em premissas de custo de dívida atrelado ao IPCA mais 7% ao ano e um custo de capital próprio de 10,4%. Em caso de ajustes, o Safra também avaliou a sensibilidade da alavancagem para simular os efeitos de mudanças nos parâmetros de custos.
Participação das concessionárias e cenário para o mercado
Para grandes empresas do setor, como CCR e EcoRodovias, a participação no leilão da BR-262 requer uma análise cuidadosa, considerando o atual nível de capital e o portfólio de projetos em andamento. Segundo as previsões do Banco Safra, a Rota do Zebu representaria um VPL de R$ 155 milhões, o que corresponderia a aproximadamente 0,6% do valor de mercado da CCR e 3,1% da EcoRodovias. Isso significa que, para a CCR, o projeto teria impacto de R$ 0,08 por ação, enquanto para a EcoRodovias, o impacto seria de R$ 0,22 por ação.
A viabilidade econômica para a CCR e a EcoRodovias dependerá dos limites de desconto tarifário. Para manter uma TIR compatível com seus portfólios, o limite de desconto para a CCR seria de aproximadamente 5,5%, enquanto para a EcoRodovias seria de 4,6%. Esse aspecto sugere que as concessionárias estarão atentas a detalhes que permitam manter seus indicadores de rentabilidade dentro de patamares considerados saudáveis.
Contexto do leilão e impactos para o futuro
O leilão da BR-262 faz parte da quinta rodada de leilões de rodovias federais no Brasil, que se alinha à estratégia do governo de atrair o setor privado para fomentar melhorias na infraestrutura de transporte. Esse processo não só amplia a capacidade de investimentos em obras, mas também promove a regulação e incentiva a redução de riscos para os concessionários, com a implementação de mecanismos de proteção contra oscilações de tráfego, custos de insumos e questões cambiais.
As melhorias previstas para a Rota do Zebu irão beneficiar diretamente uma das regiões mais importantes do setor agropecuário brasileiro, facilitando o escoamento da produção e reduzindo os custos logísticos. Com os investimentos privados esperados, a infraestrutura rodoviária deve impulsionar o desenvolvimento regional, promovendo benefícios para toda a cadeia produtiva.
Perguntas Frequentes
[h3] 1. Qual é a importância do leilão da BR-262 para a infraestrutura de Minas Gerais?
O leilão da BR-262 visa modernizar a infraestrutura rodoviária de Minas Gerais, especialmente no trecho entre Uberaba e Betim, conhecido como Rota do Zebu. Os investimentos devem melhorar a segurança, fluidez e eficiência da rodovia, favorecendo o transporte de produtos agropecuários.
2. Quem atualmente administra a BR-262 e por que será relicitada?
A rodovia é atualmente administrada pela Triunfo Concebra. Devido a dificuldades financeiras, a empresa solicitou a devolução da concessão ao governo em 2022, que então preparou o leilão de relicitação.
3. Quais obras estão previstas no novo edital da ANTT?
O edital exige diversas obras de melhoria, incluindo 44 km de duplicação, 168 km de faixas adicionais, estradas marginais e construção de passarelas, visando melhorar a estrutura e segurança da rodovia.
4. Como CCR e EcoRodovias estão avaliando o projeto?
As concessionárias analisam o potencial de retorno e os limites de desconto tarifário. O Banco Safra indica que a CCR e EcoRodovias precisarão manter o desconto em patamares específicos para garantir rentabilidade.