Por DENISE MARINHO Diretora de Recursos Humanos e Jurídica da Vellent Engenharia em Infraestrutura, e Sócia-Gerente do Portal Infranews.
A revolução tecnológica impulsionada pela Inteligência Artificial (IA) está remodelando o mercado de trabalho e as operações empresariais. A automação e o uso de algoritmos avançados têm eliminado a necessidade de intervenção humana em inúmeras tarefas, otimizando processos e ampliando a eficiência organizacional. No entanto, essa transformação ocorre em um cenário preocupante: a infantilização crescente dos profissionais da geração Z.
Criados sob uma cultura de superproteção, muitos desses jovens chegam ao mercado de trabalho com baixa resiliência, dificuldade para lidar com desafios e uma dependência excessiva de soluções prontas. O uso indiscriminado da IA agrava essa fragilidade ao reduzir a necessidade de desenvolver habilidades analíticas e interpessoais, fundamentais para a tomada de decisões estratégicas.
Esse fenômeno cria uma força de trabalho mais passiva e menos autônoma, incapaz de resolver problemas complexos sem recorrer a processos automatizados.
Profissionais que cresceram sob a premissa de que tudo pode ser resolvido com um clique demonstram baixa tolerância à frustração e menor capacidade de adaptação a mudanças inesperadas.
Para as empresas, esse cenário representa um grande desafio, pois compromete a formação de lideranças preparadas para enfrentar crises e tomar decisões estratégicas sem a mediação de algoritmos. Não se trata de negar o avanço da IA, mas de equilibrá-lo com um desenvolvimento humano robusto, garantindo que a tecnologia seja uma aliada e não um substituto da capacidade intelectual dos profissionais.
Diante dessa realidade, a mentoria cruzada se torna um elemento essencial na gestão de pessoas.
Ao promover a interação entre profissionais experientes e a nova geração, essa prática cria um ambiente de aprendizado mútuo, combinando a maturidade e o pensamento estratégico dos veteranos com a fluidez digital dos mais jovens. Essa troca de conhecimentos não apenas fortalece a autonomia da geração Z, mas também acelera o desenvolvimento de soft skills essenciais, como comunicação assertiva, resiliência e pensamento crítico.
Empresas que implementam a mentoria cruzada não apenas preparam seus colaboradores para um mercado em constante transformação, mas também evitam uma dependência cega da IA, garantindo que a inovação tecnológica ocorra sem comprometer a capacidade de decisão humana.
A tecnologia deve ser um meio, não um fim.
Investir em capacitação estruturada e na valorização do aprendizado interpessoal é o caminho para construir uma força de trabalho preparada para os desafios do futuro.
Empresas que negligenciarem essa necessidade arriscam formar profissionais altamente tecnológicos, mas emocional e cognitivamente despreparados para liderar e inovar.
O desenvolvimento humano continua sendo o maior diferencial competitivo, e a combinação entre tecnologia e inteligência humana é o que realmente impulsiona a excelência organizacional.
Quer fazer com menor custo? Capacite seu time.