O etanol de milho deixou de ser uma aposta para se tornar realidade. Com produção anual superior a 8 bilhões de litros, o biocombustível já responde por 23% da oferta nacional, segundo a Unem – União Nacional do Etanol de Milho. O setor cresce a taxas de 30% ao ano, e a expectativa é que a produção dobre até 2032.
Mas o que está por trás desse avanço? Uma combinação de matéria-prima abundante, demanda internacional crescente e infraestrutura em evolução.
Biorrefinarias em Expansão
Atualmente, o Brasil possui 25 biorrefinarias em operação, com outras dez em construção e mais 20 projetos em análise. O Centro-Oeste lidera com 21 unidades, mas a expansão já alcança o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e os estados do Sul.
A concentração inicial ao longo da BR-163, em Mato Grosso, se explica pela alta produção de milho de segunda safra, cultivado em rotação com a soja. A falta de armazenagem e logística eficiente no passado incentivou a instalação dessas indústrias, que agregam valor ao grão antes mesmo da colheita.
Do combustível ao prato
O etanol de milho não gera apenas energia renovável. Seu processo produz DDG (grão seco de destilaria), um subproduto que revolucionou a pecuária nacional.
- Redução de ciclo produtivo: Animais alimentados com DDG engordam mais rápido, liberando pastagens para a agricultura.
- Exportação em alta: Em 2024, o Brasil vendeu 900 mil toneladas; em 2025, a meta é 1,5 milhão.
- Agregação de valor: A transformação do milho em etanol e DDG aumenta em 87% o valor da commodity.
A Unem e a ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos fecharam parceria para impulsionar as vendas externas, com destaque para Turquia, Vietnã e Arábia Saudita.
O Desafio do Transporte
Apesar do crescimento, o setor enfrenta obstáculos. A produção descentralizada exige melhorias na malha logística, incluindo:
- Expansão ferroviária para escoamento eficiente.
- Alcooldutos ou polidutos ligando o Centro-Oeste a polos como Paulínia (SP).
- Armazenagem moderna para evitar perdas pós-colheita.
Sem esses avanços, o potencial de crescimento pode ser limitado.
Novos mercados
A Lei do Combustível do Futuro pode elevar a mistura de etanol na gasolina para 30%, com possibilidade de chegar a 35%. Além disso, o biocombustível é visto como alternativa para:
- Combustível sustentável de aviação (SAF).
- Descarbonização da navegação internacional.
Com demanda global por energias limpas, o Brasil tem oportunidade única de se consolidar como líder no setor.
FAQ: Tudo o que Você Precisa Saber
1. Qual o potencial de crescimento do etanol de milho? A Unem projeta que a produção anual pode chegar a 16,63 bilhões de litros até 2032, o dobro do volume atual.
2. Quais os principais mercados para o DDG? Turquia, Vietnã, Nova Zelândia e Arábia Saudita são os maiores importadores.
3. Quais os desafios logísticos para o setor? A falta de ferrovias, armazenagem e redes de dutos são os principais gargalos a serem superados.