A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tem sido palco de debates sobre a construção da Ferrovia EF-118, um projeto que promete revolucionar o transporte de cargas no Sudeste do Brasil. O ponto central da discussão é a adoção da bitola mista nos trilhos, uma proposta que tem ganhado força entre entidades do setor, mas que ainda divide opiniões.
O projeto atual prevê a construção da ferrovia com bitola métrica (1 metro), com possibilidade de adaptação futura para bitola mista (1,60 metro). No entanto, representantes de diversos setores defendem que a implementação da bitola mista desde o início das obras é essencial para garantir a conectividade com outras malhas ferroviárias, especialmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, que já operam com bitola larga.
As entidades envolvidas
A Federação das Empresas de Transportes do Espírito Santo (Fetransportes) foi uma das primeiras a levantar a bandeira pela bitola mista. A entidade destacou que a malha ferroviária do Rio de Janeiro e São Paulo é composta por trilhos de bitola larga, enquanto a que chega ao Espírito Santo utiliza bitola métrica. Para a Fetransportes, a adoção da bitola mista na EF-118 garantiria maior flexibilidade operacional, permitindo o acesso a mercados internos e externos de forma mais eficiente.
Já a Comissão de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) reforçou a importância da bitola mista para atender à demanda de carga industrial entre Vitória e São Paulo. A Findes ressaltou a necessidade de critérios claros e pré-definidos para a execução do trecho sul da ferrovia, garantindo que o projeto atenda às expectativas do setor produtivo.
O papel da ANTT e as próximas etapas
A ANTT está recebendo contribuições da sociedade até 12 de fevereiro de 2025, com o objetivo de aprimorar o projeto da EF-118. Após essa fase, o processo seguirá para análise do Tribunal de Contas da União (TCU), prevista para o terceiro trimestre de 2025. A publicação do edital está programada para o quarto trimestre do mesmo ano, seguida pelo leilão no primeiro trimestre de 2026 e pela assinatura do contrato no terceiro trimestre de 2026.
A expectativa é que a ferrovia entre em operação em 2033, marcando um novo capítulo na história do transporte ferroviário brasileiro.
Por que a bitola mista?
A adoção da bitola mista desde o início das obras é vista como uma medida que pode otimizar o escoamento de cargas e fortalecer a integração logística entre as regiões atendidas pela EF-118. Além disso, a medida pode reduzir custos operacionais a longo prazo, evitando a necessidade de adaptações futuras.
A EF-118 tem o potencial de se tornar um eixo central para o transporte de cargas no Sudeste, conectando importantes polos industriais e portuários. A decisão sobre a bitola utilizada será determinante para o sucesso do projeto e para a competitividade do transporte ferroviário na região.
FAQ
1. O que é bitola mista e por que ela é importante? A bitola mista permite a circulação de trens com diferentes larguras de trilhos em uma mesma ferrovia. Isso é crucial para garantir a conectividade entre malhas ferroviárias que operam com bitolas distintas, como as do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.
2. Quais são os próximos passos para a EF-118? Após o período de contribuições públicas, o projeto será analisado pelo TCU. Em seguida, serão publicados o edital e realizado o leilão, com previsão de assinatura do contrato em 2026 e início das operações em 2033.
3. Quais entidades defendem a bitola mista? A Fetransportes e a Findes são algumas das entidades que têm defendido a adoção da bitola mista na EF-118, argumentando que a medida é essencial para a integração logística e econômica da região Sudeste.