A movimentação portuária no Brasil vive um momento de crescimento, impulsionada por safras recordes, aumento no Produto Interno Bruto (PIB) e uma tímida recuperação da indústria. No entanto, esse crescimento revela gargalos na infraestrutura, demandando ações imediatas e investimentos para atender à crescente demanda.
Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), os portos brasileiros movimentaram 646 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2024, com terminais privados representando 64% desse volume. No segmento de contêineres, responsável por transportar cargas industriais e agroindustriais, o crescimento foi notável, com um aumento de 18,8% nas importações e 14,3% nas exportações, conforme a consultoria Datamar.
Contudo, o crescimento exponencial da demanda expõe deficiências estruturais. Portos congestionados, atrasos no embarque de cargas e dificuldades logísticas têm gerado impactos na eficiência do setor, destacando a urgência de novos investimentos e ampliações.
Principais investimentos em infraestrutura portuária
Embora os desafios sejam consideráveis, o Brasil tem registrado avanços importantes em projetos de infraestrutura portuária, tanto no setor público quanto no privado.
Santos: o maior porto do país
O Porto de Santos lidera os planos de expansão no Brasil. Com um programa de investimentos de R$ 21 bilhões, estão previstos projetos de dragagem, ampliação de terminais e a construção de um túnel submerso ligando Santos ao Guarujá. Um dos destaques é o polêmico projeto STS-10, que visa adicionar quatro berços de atracação e aumentar em 50% a capacidade de movimentação de contêineres. O estudo está em revisão pela Infra S.A. e será enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU) para aprovação, com leilão previsto para 2025.
A operadora Santos Brasil também está investindo R$ 2,6 bilhões para ampliar sua capacidade de movimentação de 2,4 milhões para 3 milhões de TEUs até 2026. Outro destaque é o terminal de celulose, que opera com capacidade de 5 milhões de toneladas, fruto de um contrato com a Suzano.
Já a BTP planeja um investimento de R$ 2 bilhões para aumentar em 40% a capacidade de seu terminal, enquanto empresas como a DP World firmaram parcerias para diversificar operações. Um exemplo é o contrato de 30 anos com a Rumo, que inclui R$ 2,5 bilhões em investimentos para movimentação de grãos e fertilizantes.
Outros Portos em Expansão
Além de Santos, diversos outros portos brasileiros estão implementando melhorias:
- Suape (PE): A APM Terminals, controlada pela Maersk, está investindo R$ 1,6 bilhão na construção do segundo terminal de contêineres, o Tecom II, com capacidade para 400 mil TEUs e início de operação prevista para 2026. Suape também investirá R$ 344 milhões em dragagem para aumentar seu calado e atrair rotas de longo curso.
- Paranaguá (PR): A TCP, terminal de contêineres do porto, deverá investir R$ 620 milhões como parte de sua renovação contratual, além de novos projetos de expansão. O porto ainda licitará três terminais, incluindo o Par-15, que demandará R$ 500 milhões para movimentação de granéis sólidos vegetais.
- Itajaí (SC): Com concessão programada para 2025, este porto será importante para o fortalecimento da logística no sul do país.
Impacto dos investimentos privados
Os aportes de grandes players do setor privado reforçam o potencial de expansão portuária no Brasil. Empresas como Santos Brasil, BTP, MSC, Maersk e DP World têm desempenhado papéis fundamentais nesse movimento.
- A MSC, por meio da Terminal Investment Limited (TIL), adquiriu 56,5% da operadora Wilson Sons por R$ 4,35 bilhões, reforçando sua posição no mercado nacional.
- A Bracell, do grupo Royal Golden Eagle (RGE), concluiu recentemente um terminal em Santos com capacidade para movimentar 3 milhões de toneladas de celulose, fruto de um investimento de R$ 500 milhões.
Desafios persistentes e necessidade de planejamento
Apesar dos esforços em curso, os desafios persistem. Atualmente, o Porto de Santos opera com 92% de sua capacidade máxima, gerando preocupações sobre sua viabilidade futura. Congestionamentos, atrasos no embarque e limitações logísticas continuam afetando a competitividade do setor.
Os investimentos precisam ser acompanhados por políticas públicas eficientes, regulamentação ágil e parcerias estratégicas entre governo e iniciativa privada. Além disso, a expansão da infraestrutura ferroviária e rodoviária é essencial para integrar os portos ao restante do território nacional.
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Quais são os principais gargalos enfrentados pelos portos brasileiros?
Os principais desafios incluem congestionamentos, limitações de capacidade, atrasos no embarque de cargas e insuficiência de infraestrutura rodoviária e ferroviária para integração com os portos.
2. Quais são os principais investimentos previstos para o setor portuário no Brasil?
Os projetos incluem a expansão do Porto de Santos, a construção do STS-10, melhorias em Suape e Paranaguá, além de aportes significativos de empresas privadas, como Santos Brasil, BTP, DP World e Maersk.
3. Qual é a importância da iniciativa privada na expansão portuária?
A iniciativa privada é essencial para viabilizar grandes projetos de infraestrutura, trazendo capital, tecnologia e competência para modernizar e ampliar a capacidade dos portos.