A proposta de implantação da Linha 16-Violeta do Metrô de São Paulo, apresentada pela construtora espanhola Acciona, é alvo de uma análise técnica detalhada pela Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) do governo estadual. O projeto, que visa criar um ramal metroviário de 16 km e 16 estações, está em fase de avaliação, e a SPI solicitou informações adicionais antes de dar andamento à análise final.
Avaliação da Manifestação de Interesse Privado (MIP)
Em agosto, a Acciona apresentou uma Manifestação de Interesse Privado (MIP) para realizar estudos para a implementação da Linha 16-Violeta. A linha tem como proposta inicial evitar concorrência com a Linha 6-Laranja, trazendo um traçado alternativo que atenda áreas importantes da cidade. A versão atual do projeto busca atender critérios técnicos que garantam uma vida útil de 100 anos, além de ser desenvolvida sob o modelo de Parceria Público-Privada (PPP).
A SPI avaliou positivamente alguns aspectos da proposta, reconhecendo que a Acciona cumpriu os requisitos básicos para assegurar a longevidade da linha. Entretanto, no parecer técnico emitido, foi identificado que os estudos apresentados carecem de maior detalhamento, o que motivou o pedido do governo para informações adicionais.
Quem é a Acciona?
A ACCIONA é uma empresa espanhola que desenvolve soluções em infraestrutura, com foco em energia renovável. Sua atuação cobre todas as etapas, desde o projeto até a operação e manutenção de infraestruturas. A empresa busca liderar a transição para uma economia de baixo carbono, promovendo o desenvolvimento econômico e social das comunidades. Além disso, seu compromisso é realizar negócios de forma ética, sustentável e inovadora.
Falta de Detalhamento Técnico
Apesar do atendimento a critérios fundamentais, a equipe da SPI apontou a necessidade de mais informações para justificar as conclusões da modelagem simplificada apresentada pela Acciona. Segundo o parecer técnico, os dados fornecidos não foram suficientes para sustentar a viabilidade do projeto nos aspectos de engenharia, ambientais e de desapropriação.
Outro ponto observado foi a ausência de parâmetros objetivos para que o governo possa comparar a eficiência do projeto em relação a outras formas de contratação. Essas informações são essenciais para a avaliação completa da viabilidade da Parceria Público-Privada (PPP), incluindo estudos que comprovem a viabilidade técnica e econômica da proposta no contexto do sistema metroviário de São Paulo.
As Informações Complementares Diante dessas questões, o governo estadual solicitou que a Acciona forneça um conjunto mais completo de dados, especialmente em áreas críticas como:
· Estudos preliminares de engenharia;
· Impacto ambiental;
· Plano de desapropriações;
· Projeções de receita e demanda;
· Modelo operacional;
· Parâmetros de CAPEX (investimentos) e OPEX (operação).
Detalhes são essenciais para comprovar a viabilidade técnica e financeira da Linha 16-Violeta, garantindo que o projeto possa atender à demanda prevista e se adequar ao contexto do transporte público de São Paulo. O relatório técnico da SPI, emitido no dia 2 de setembro, concluiu que, após o recebimento dessas informações complementares, o projeto poderá avançar para a etapa de análise final.
A Linha 16-Violeta no Sistema Metroviário
A proposta da Linha 16-Violeta tem origem em 2018, quando surgiu como uma possível extensão da Linha 6-Laranja. A ideia inicial era que a nova linha complementasse o crescimento da malha metroviária, aliviando a demanda em áreas congestionadas da cidade. No entanto, o Metrô optou por modificar o traçado em suas extremidades, conectando a estação Oscar Freire até o bairro de Cidade Tiradentes na versão mais recente.
Uma das principais características da Linha 16-Violeta é a sua capacidade de criar importantes conexões com outras linhas do sistema sobre trilhos, incluindo as linhas 2-Verde e 15-Prata, além de atender a uma demanda crescente na Zona Leste da cidade. A linha também foi apelidada de “Linha dos Parques”, uma vez que o traçado proposto
pela Acciona inclui estações próximas a importantes áreas verdes da cidade, como os parques da Aclimação e Ibirapuera.
Perspectivas para o Futuro
Embora o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tenha sugerido que o projeto da Linha 16-Violeta poderá começar a ser implementado em 2026, há uma série de desafios que ainda precisam ser superados antes que as obras possam ser iniciadas. A complexidade do projeto envolve múltiplas etapas, incluindo a finalização de estudos técnicos, a obtenção de licenças ambientais, a resolução de questões de desapropriação e a definição do modelo de financiamento.
Dada a complexidade dessas etapas, especialistas apontam que é improvável que a linha esteja pronta para sair do papel no prazo sugerido. O histórico de grandes obras de infraestrutura no Brasil indica que projetos dessa magnitude costumam enfrentar atrasos e imprevistos ao longo de seu desenvolvimento.
O projeto da Linha 16-Violeta do Metrô de São Paulo, liderado pela Acciona, está em uma fase crucial de avaliação. Embora a proposta inicial tenha sido bem recebida pela SPI, o governo estadual destacou a necessidade de mais detalhes técnicos para assegurar a viabilidade do projeto como uma PPP. As informações complementares solicitadas são fundamentais para garantir que a linha seja implementada com eficiência, atenda às demandas de mobilidade da cidade e ofereça benefícios de longo prazo para a população.
Enquanto o futuro da Linha 16-Violeta ainda depende de etapas importantes de avaliação e aprovação, o projeto representa uma tentativa significativa de expandir e modernizar o sistema de transporte público de São Paulo, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da cidade e da população paulistana.